quarta-feira, 26 de setembro de 2012

FH participa de lançamento de rede para debater política de combate às drogas



Evento foi marcado por críticas à atual política antidrogras do governo federal

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SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou nesta noite, em São Paulo, do lançamento da Rede Pense livre - Por uma política de drogas que funcione, que se coloca como um novo canal para aprimorar o debate sobre a política de combate às drogas e encontrar formas de enfrentamento do problema. Também participaram do evento o ex-secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, o diretor do documentário "Quebrando o Tabu", Fernando Grostein Andrade e o empresário Roberto Marinho Neto.
— Estamos num momento de mudanças de exercer a liberdade de pensar livre. Se não somos favoráveis à difusão das drogas, por que não adianta reprimir? Precisamos analisar isso e não estigmatizar. No Brasil, tenho a esperança de contágio de um pensamento livre — disse Fernando Henrique.
— É muito difícil pensar livre, dizer coisas simples mas que vão contra a maré dominante. Entrar nessa seara para quem tem vida publica é perigoso, mas se a gente não tem coragem para enfrentar essas questões não vale a pena viver. Todo mundo já sabe que o proibicionismo não dá resultado — acrescentou o ex-presidente.
O lançamento da rede foi marcado por críticas à atual política antidrogras do governo federal.
— Hoje é a polícia que decide quem é usuário e quem é traficante. Na prática o que temos visto é que quem é rico é usuário e quem é pobre é traficante. Temos visto um aumento das prisões por causa de drogas. Em 2006 havia 65 mil presos por esse motivo. Em 2011 eram 125 mil. Descriminalizar significa abrir possibilidade para tratar a maioria dessas pessoas e enfrentar de verdade esse problema — disse Abramovay.
— Um estudo feito pelo Sou da Paz dá algumas pistas sobre o perfil desses traficantes presos em São Paulo. Entre aqueles presos porque portavam maconha 67% tinham inferior a 100 gramas. São os chamados pequenos traficantes. Quase sempre a situação que levou essas pessoas a entrarem no sistema carcerário não melhora quando ele sai, pelo contrário, piora porque ele sai com antecedentes criminais e a nossa sociedade acaba fechando as portas para essas pessoas. Romper esse ciclo depende de um programa de reintegração e somente com conjunto de políticas integradas podemos virar esse jogo — defendeu a gestora de políticas públicas e diretora do Instituto Sou da Paz, Melina Risso.
Uma das lideranças engajadas na criação da Rede Pense Livre, Illona Szabó ressaltou que a mobilização não é uma apologia às drogas, mas uma tentativa de fazer um debate sem tabus sobre o problema no Brasil.
— É uma agenda ousada que estamos colocando em debate porque acreditamos que ela é melhor do que a que temos hoje. A rede começou agora e tem um árduo trabalho pela frente. Ela é fruto de um debate que está acontecendo em muitos lugares do mundo. É fruto da consciência livre de cada um dos seus membros e daqueles que buscam solução eficaz para o problema das drogas, que é múltiplo.
O grupo escolheu inicialmente quatros temas que passarão a ser discutidos na internet pelo blog oesquema.com.br/penselivre: descrininalizar o consumo de todas as drogas e investir em abordagem de saúde publica, regular o uso medicial autocultivo da cannabis para consumo pessoal, investir em programas para a juventude em risco e viabilizar pesquisas médicas e científicas com todas as drogas.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/fh-participa-de-lancamento-de-rede-para-debater-politica-de-combate-as-drogas-6132051#ixzz27cDeLd2B
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