segunda-feira, 13 de maio de 2013

Resposta dos profissionais do CERSAM AD Pampulha às matérias da jornalista Sandra Kiefer


Belo Horizonte,13 de maio de 2013

Ilmo Sr Benny Cohen, Editor Multimídia do Jornal Estado de Minas



Uma série de matérias foi publicada pelo EM e também em seu site UAI, pela jornalista Sandra Kiefer abordando o tratamento dado aos usuários de drogas em Belo Horizonte: “Capital oferece droga lícita para viciados largarem o crack”, em 18/04/2013, “Especialistas criticam a substituição de drogas para combate ao crack”, em 19/04/2013 e “Redução de danos para usuários de crack” em 20/04/2013. Em todas estas matérias o que foi exaltado, inclusive no subtítulo de todas elas, foi a supostas troca do uso do crack por drogas lícitas, “mais leves”,como tabaco, álcool e até mesmo opiáceos. Essas matérias afirmam ainda que estes procedimentos são realizados com os usuários pelos profissionais do CERSAM AD da Pampulha.

Gostaríamos de enumerar uma série de equívocos e inverdades expostos nesses textos:

  1. O CERSAM AD é uma instituição pública de saúde e como tal, segue a legislação deste campo, bem como toda a legislação brasileira referente ao uso de drogas. É formado por um corpo de profissionais, de diferentes disciplinas da saúde que pautam por princípios científicos e éticos. Para tanto, dominam as técnicas e recursos que são peculiares a cada campo de atuação, seguem os parâmetros e protocolos definidos e respondem aos seus respectivos conselhos profissionais. Sendo assim, jamais, em nenhum momento, trabalhamos com procedimentos que não estejam fundamentados na legislação e na construção científica do referido campo de atuação. Portanto, é um absurdo, tanto do ponto de vista legal como científico a afirmativa constantes nas matérias supracitadas de que realizamos a substituição de crack por álcool, tabaco e opiáceos.
  2. A redução de danos não é sinônimo de “troca de drogas” como equivocadamente afirma as matérias. Trata-se de uma estratégia humanizada, consolidada no campo da saúde e que significa que buscamos a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, considerando-se os aspectos biopsicossociais que determinam a o uso e abuso de drogas. A redução de danos está respaldada na legislação brasileira e é uma diretriz para a abordagem ao usuário de drogas de acordo com a política do Ministério da Saúde. A lei 11 343/2006, por exemplo, dispõe em seu artigo 19, que trata da prevenção: “o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados”. Mais à frente, no artigo 22, que dispõe sobre tratamento: “definição de projeto terapêutico individualizado, orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais e à saúde;”  A Política Nacional Sobre Drogas, de 2005, vai estabelecer, como um dos seus objetivos: “Reduzir as conseqüências sociais e de saúde decorrentes do uso indevido de drogas para a pessoa, a comunidade e a sociedade” (SENAD, 2005).
  3. A reportagem do dia 19/04 traz a seguinte afirmação: “a administração mineira defende a substituição progressiva do uso do crack por substâncias como o álcool, tabaco, opiáceos e remédios controlados, até o paciente atingir a abstinência completa”. Não vimos, pelo menos no que foi publicado, uma fala do administrador público que referende esta afirmação equivocada. Sabe-se que álcool e tabaco são substâncias que podem trazer elevados danos para as pessoas e não existe sustentação científica para o uso dessas drogas no tratamento da dependência do crack. As medicações são necessárias, sobretudo no tratamento das crises de abstinência alcoólicas que podem ser fatais. Aliás, a maior parte dos pacientes graves atendidos no CERSAM AD têm complicações devido ao uso de etílicos. Por fim, não é a licitude ou não de uma droga que determina os danos que ela causa à saúde.



Salientamos que as matérias publicadas com esta série de equívocos vêm trazendo uma série de transtornos para os profissionais sérios e competentes que trabalham no CERSAM AD. Tais afirmativas levianas denigrem a imagem deste serviço, da clínica aqui praticada e das pessoas que aqui trabalham. Assim sendo, exigimos que este jornal e a Sra Sandra Kiefer se retratem publicamente em relação aos equívocos publicados .



Atenciosamente;



Profissionais do CERSAM AD Pampulha:

Arnor José Trindade Filho: Psicólogo

Anderson Luiz Silva: Enfermeiro

Darlene Prates Costa: Terapeuta Ocupacional

Daniel Lessa Akerman: Médico

Fernanda Gonçalves Rodrigues : Enfermeira

Lívia Maria Ferreira Silva: Terapeuta Ocupacional

Luciene Bessa: Psicóloga/ Gerente

Mírian Vanessa Costa Pacheco: Assistente Social

Patrícia Campos Peralta Xavier; Médica

Renata Amélia Pereira Cordeiro: Psicóloga

Renata de Brito Calonge: Terapeuta Ocupacional

Rute Ferreira Baptista: Assistente Social

Sabrina Godinho Catarina: Farmacêutica

Sílvia Raquel de Oliveira: Psicóloga

Valéria Costa Pacheco: Psicóloga

Yuri Luiz Felipe: Médico




6 comentários:

  1. O tratamento recebido no Cersam é ótimo. As medicas tem bastante conhecimento e o centro só não é excelente por falta de verbas da prefeitura. A sra Sandra deveria passar um dia la no Cersam e um dia em algum outro abrigo onde os pacientes não tomam remedios para ver a diferença.

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  2. O CERSAM AD respeita a singularidade do usuário, sua história o que levou a ele chegar naquele local, o tratamento e realizado com sua adesão, sem agressões e tratamentos ríspidos.
    Entrevistei usuários do local, que dizem ser uma segunda casa...
    Então será que não vale a pena conhecer o local, mostrar o trabalho que é realizado.
    Porque se fosse tão ruim, não seria tão cheio uma vez que a demanda e espontânea.

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  3. é espontâneo pq onde tem droga de gratis tem drogado. ate eu ia no cersam usar umas droguinhas.

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  4. Você deve estar envergonhado do seu comentário, por isto está Anônimo. Mas no CERSAM AD tem drogas gratuitas sim, disponibilizadas pelo SUS do Município e fornecidas como parte do tratamento, de acordo com prescrição médica.

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